Que não sejam minhas as palavras ásperas

que não seja minha a culpa dos seus desencontros

que me caiba tão somente o sorriso

e meia dúzia de virtudes que farão você ser mais feliz

pesa, o mundo pesa; cansa, e como cansa

e tudo é esse caminho reto em que vamos contruindo abismos e lutando pra diminuir cada um deles com qualquer força que fingimos encontrar em qualquer frase de efeito; a gente aprende tantas vezes sobre força e se engana tanto sobre sobrepor-se aos sentimentos; sobre aprender a segurar as lágrimas e a ter vergonha de derramar sua fraqueza em pranto pelo asfalto; e a verdade quem sabe é a cama que nos acolhe toda noite, cheios de angustia, conflito e lágrimas, uma porção delas;

poupe-me da melancolia das noites escuras;

quando o dia clareia dói, pesa, cansa; te colocam junto a parede e então, voce é o filha da puta da vez; parabéns; e você quer ser forte, e você vai esconder as lágrimas, e vai sorrir, vai encontrar um jeito de resolver tudo e uma hora a noite vai chegar;

que força é essa? Que abismo é esse em que você se enfia pra satisfazer qualquer padrão ?

Quase esqueci-me dos olhos, do sorriso, da respiração cadenciada, do sangue pulsando nas veias;

da humanidade que me traz ter você por perto; de todas as vezes que eu te vejo em qualquer curva do caminho reto e desejo, com cada fibra do meu corpo

Que não sejam minhas as palavras ásperas

que não seja minha a culpa dos seus desencontros

que me caiba tão somente o sorriso

e meia dúzia de virtudes que farao você ser mais feliz

desejo não precisar mais ser forte

e reconhecer cada lágrima no asfalto tão minha, tão sua

como o transbordar de humanidade que me resta

depois de tantos e tantos abismos de ilusão