Por você
23:18:00
Como eu poderia ter
certeza? Que sei eu
dessa distância descabida, dessa esperança desnutrida, do
amor que nunca nasceu? Como seria se eu pudesse
esperar pelo amarelar das cortinas, ou mesmo pelo pôr
do sol? Por você? Como seria? E a água
que corre na fonte diz coisas tão bonitas que até eu poderia
acreditar, mas não por você. Desbotou o retrato, a tinta, a cor. Me
endoidece tanto o branco, o rosa que mata o que era cor e morre tão
frio. Colore, chama o caos, a paixão
condenada, o sorriso falso, a hora errada. Me traz certeza, qualquer
uma, pode escolher, talvez eu acredite em você. Talvez não. Mas
você é como a fonte que corre, sempre distante, ainda que perto. Eu
não preciso acreditar em você. Então chora, como se tudo isso
fosse verdade, me deixa ver seus olhos, sua fonte que corre pra nunca
mais voltar. Me traz flores que vão morrer logo, livros que vão
amarelar, pinturas feitas de qualquer jeito. E traz você, e a
saudade, e o incompleto, e a vontade. Me convence de tudo, desmente
as minhas certezas e fica, em qualquer lugar mais seguro que o meu
coração.
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