Como pular cordas

00:18:00

Eu não brincava de corda, eu testava sua resistência ao meu esgotamento, eu ficava remoendo essas imagens, ficava tentando encontrar uma verdade.

Eu soprava todo ar que havia em mim, como se houvesse um fundo, como se fosse só controlar as cordas e ver aonde aquilo ia chegar.

Eu só queria um momento de resistência, enquanto não fosse preciso respirar e enquanto o corpo gritasse por sobrevivência talvez não fosse preciso se entregar, não com gosto de sangue na boca.

Eu sempre relacionei tudo com belas histórias de amor, porque ainda quando tudo cai denso e cinza sobre nós, nosso último suspiro é por amor. Eu não queria mais esse suspiro, eu não queria ter que sustentar um mundo inteiro de fraquezas com cordas que eu não consigo controlar.

É assustador perder o controle. É assustador se entregar.

Se eu piscar meus olhos e tudo puder se transformar em um instante, beije-me antes que eu perceba e roube o meu último suspiro. Eu te desafio a ver aonde isso vai dar, mas só se eu puder enlouquecer ao ver as cordas fugindo às minhas mãos e te beijar de volta.

Você é minha resistência e minha entrega. Meu ponto fraco onde a linha entre perder e assumir o controle é tênue demais.

Foi por você que eu deixei as cordas escaparem, eu não levei um susto e soltei-as sem perceber. É que quando eu dei por mim eu não queria mais controlar nada, a paz que eu precisava era você.


Eu perco a conta de quantas vezes enlouqueço, e quantas vezes você me salva só por ser você.

Se eu quiser pular cordas algum dia, pule junto comigo, não importa se nós cairmos e acabarmos às gargalhadas, é que não tem nada que eu goste mais do que estar com você.

You Might Also Like

0 comentários