Como pular cordas
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Eu não
brincava de corda, eu testava sua resistência ao meu esgotamento, eu ficava
remoendo essas imagens, ficava tentando encontrar uma verdade.
Eu soprava todo
ar que havia em mim, como se houvesse um fundo, como se fosse só controlar as
cordas e ver aonde aquilo ia chegar.
Eu só
queria um momento de resistência, enquanto não fosse preciso respirar e
enquanto o corpo gritasse por sobrevivência talvez não fosse preciso se
entregar, não com gosto de sangue na boca.
Eu sempre
relacionei tudo com belas histórias de amor, porque ainda quando tudo cai denso
e cinza sobre nós, nosso último suspiro é por amor. Eu não queria mais esse
suspiro, eu não queria ter que sustentar um mundo inteiro de fraquezas com
cordas que eu não consigo controlar.
É assustador
perder o controle. É assustador se entregar.
Se eu piscar
meus olhos e tudo puder se transformar em um instante, beije-me antes que eu
perceba e roube o meu último suspiro. Eu te desafio a ver aonde isso vai dar,
mas só se eu puder enlouquecer ao ver as cordas fugindo às minhas mãos e te
beijar de volta.
Você é
minha resistência e minha entrega. Meu ponto fraco onde a linha entre perder e
assumir o controle é tênue demais.
Foi por
você que eu deixei as cordas escaparem, eu não levei um susto e soltei-as sem
perceber. É que quando eu dei por mim eu não queria mais controlar nada, a paz
que eu precisava era você.
Eu perco a
conta de quantas vezes enlouqueço, e quantas vezes você me salva só por ser
você.
Se eu quiser pular cordas algum dia, pule junto comigo, não importa se nós cairmos e acabarmos às gargalhadas, é que não tem nada que eu goste mais do que estar com você.
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