Sem rumo

20:20:00

Ao acordar, um shot de vodka e a cara lavada pra quem quiser bater.
Chegar ao fim como quem sai sem rumo; Sair sem rumo como quem tem um fim.
Da janela, o mundo cabe no asfalto; do asfalto, nada cabe ao coração.
O coração que houvera ardido ontem e que ressoava em sua cabeça como uma música chata de rádio. Ela olhava o cinza e não entendia. Sabia do refúgio da noite, da solidão das ruas desertas. Ela era a mentira encarnada tentando ser uma verdade qualquer, testando todos os limites do mundo até que pudesse provar da dor. Oscilava entre a dor e o nada, sentia as lágrimas secas se formarem nos seus olhos. Secas, e ela não percebia que lhe faltava até a água salgada das pessoas tristes. Ela não era triste porque não importava ser ou não ser. Nada importava mais. Por que agora ela estava sozinha entre os carros desgovernados. E mesmo que a chuva caísse, não importaria. Ao arder do coração ela não poderia entender. O sorriso cruel se formava em seus lábios como solução pra um dia previsível e chato, como todos os outros. E quando chegasse o entardecer, ela se lembraria, insistiria no que ninguém acredita, amaria como se fizesse sentido, saberia entender, ainda, o arder de seu coração.

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