Ruínas
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Trago em mim as ruínas de quem fui um dia
Não que eu tenha desmoronado uma vez mais
Hoje não
Mas lá estão elas, as rachaduras nas paredes, as lembranças dos pedaços que caíram depois das longas tempestades e alguma poeira
Elas me encaram diariamente medrosas por desmoronar outra vez
E eu, cansada demais de recolher caquinhos
Espero que hoje sob chuva, vento e tristeza
Nós permaçamos de pé
Depois que caímos pela quarta ou quinta vez, a relva verde poderia ter nos ensinado qualquer coisa útil além do conforto estranho de saber que em ruínas já não podíamos desmoronar
Acostumada aos terrenos acidentados, voltava-me para as bordas já incertas a desenhar um modo de me erguer mais forte sem saber no entanto se haveria como colocar pedra sobre pedra em terreno tão devastado
Permaneço, porém, numa estrutura um tanto torta e remendada,
inteira e resistente, por hora
As brechas deixam a luz entrar
Se o medo me leva a desejar o chão
São os remendos que tem permanecido
Tempestade após tempestade
Que me fazem levantar
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