Ruínas

00:22:00

Trago em mim as ruínas de quem fui um dia
Não que eu tenha desmoronado uma vez mais
Hoje não 
Mas lá estão elas, as rachaduras nas paredes, as lembranças dos pedaços que caíram depois das longas tempestades e alguma poeira 
Elas me encaram diariamente medrosas por desmoronar outra vez
E eu, cansada demais de recolher caquinhos 
Espero que hoje sob chuva, vento e tristeza 
Nós permaçamos de pé 

Depois que caímos pela quarta ou quinta vez, a relva verde poderia ter nos ensinado qualquer coisa útil além do conforto estranho de saber que em ruínas já não podíamos desmoronar 

Acostumada aos terrenos acidentados, voltava-me para as bordas já incertas a desenhar um modo de me erguer mais forte sem saber no entanto se haveria como colocar pedra sobre pedra em terreno tão devastado 

Permaneço, porém, numa estrutura um tanto torta e remendada, 
inteira e resistente, por hora
As brechas deixam a luz entrar 
Se o medo me leva a desejar o chão 
São os remendos que tem permanecido
Tempestade após tempestade 
Que me fazem levantar 





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