Cheiro de infinito

21:37:00

Ela não parara pra pensar, mas sabia exatamente o que estava fazendo. Não admitiria, ao certo, esse total descontrole da sua vida. Mas sabia que um profundo oceano azul era mais temido do que qualquer abismo. E era isso, na sua frente aquele oceano que a um momento já teria arrancado suspiros de sua boca, hoje fazia palpitar o medo em seu coração. Mesmo que o horizonte fizesse todo sentido, ela poderia jurar que ele não estava ali. Ela quis mergulhar, ela quis fugir pela orla, mas ela não soube o que fazer, ainda não. E ali parada sentia a areia sob os seus pés e o gosto de mar na boca. Era a brisa que a fazia lembrar daqueles sonhos tão ingênuos e tão mesquinhos que o mundo soube triturar e reduzir a pedaços tão pequenos quanto insignificantes. E como soube. Mas ela não sentiu falta desses sonhos, não quis voltar no tempo ou algo assim. Na verdade, ela não era a mesma, havia aprendido a jogar. Sabia, no entanto, que tem vezes que seu único adversário no jogo é você; e não se pode fazer muita coisa além de se enganar ou se enfrentar. Não se pode fugir de si mesmo.
Ela quase se esqueceu, haveria um motivo pelo qual valeria a pena fazer a coisa certa, mesmo que doesse em seu coração. Mar. Areia. Brisa. E o cheiro de infinito contaminando a sua direção.

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