Deles

16:32:00

Naquele espaço bagunçado de um coração organizado, o encontro. Ela olhava-o como quem olha para um quadro, analisando cada um dos seus sentidos. Moldura tão certa, objetiva e segura que limitava as pinceladas tão plenas e tão vazias – tão plenas de paixão, tão vazias de direção; que se buscavam e se perdiam em suas próprias nuances; que estimavam a liberdade como se dela pudessem retirar a melhor ou qualquer forma. Para que? Encontrar-se ao certo; construir-se sob o azul bonito do céu. Para que? Confundir-lhe os olhos, olhares e boca; instigar-lhe o desejo e o mistério de algo que não é real.
Ele era a sutileza da paz e a alegria pura de uma criança; e o olhos, os olhos apaixonados como quem não tem medo de se perder ou de se encontrar.
E ela olhava-o com a certeza de que ele não saberia de nada daquilo e não se importaria - como quem sorri antes de julgar.
Mas ela, ela guardava todos os detalhes daquele espaço bagunçado de um coração organizado, daquela leve liberdade do sorriso e do abraço e do momento.
Ela desviaria o olhar. Talvez por um dia, talvez por um tempo, talvez para sempre. Ele também.
Ela, pois precisaria saber daquela tênue alegria, da confusão, da paz e do drama de sua própria verdade.
Ele, pois ela não permitiria que ele fosse mais um refém de seus tantos caprichos.

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